Psicologia Transpessoal



A Psicologia Transpessoal é a ciência que estuda o ser humano em sua totalidade, sendo este interconectado com toda a existência e toda manifestação de vida, não encapsulado e limitado por um ego.

Podemos considerar todas as formas de psicologia como psicologias individuais, porém a Psicologia Transpessoal estuda o ser humano como individuo existente em um universo em constante evolução.

O estado natural da mente é a ordem, a harmonia consigo mesma e com o meio ambiente. Porém, quando existem bloqueios a mente perde seu estado de unidade, o indivíduo pode apresentar várias disfunções  tais como desânimo, ansiedade, depressão e etc.

A maneira de restabelecer a saúde é desbloqueando este evento mental  e assim devolver ao indivíduo sua capacidade de trabalho, criatividade e capacidade de desfrutar a vida dentro de um contexto de claridade interior e equilíbrio.

A Terapia Transpessoal dispõe de métodos que possibilitam trazer o indivíduo a uma dimensão transpessoal  facilitando a esta pessoa seu próprio encontro com as manifestações mais profundas de seu inconsciente o que resulta em um estado de equilíbrio psicológico ideal e saúde perfeita.

Um dos recursos utilizados pela Terapia Transpessoal são os compostos florais cujo objetivo é o equilíbrio das emoções, buscando uma consciência plena do seu mundo interior e exterior.

Reestabilizando os padrões mentais e emoções em desequilíbrio, ultrapassamos nossas limitações e nos tornamos o criador de nossa realidade.

A experiência transpessoal, frequentemente, em um espaço de tempo surprendentemente curto libera experiências traumáticas (conscientes ou inconscientes) permitindo a pessoa entrar num estado de completo bem estar, o que, com abordagens terapêuticas mais convencionais poderia, algumas vezes, se levar meses e mesmo anos.



TRANSFORME-SE
Ninguém quer sofrer, mas carregamos as sementes do sofrimento em nós. Todo o propósito de trabalharmos em nós mesmos é queimar essas sementes. O próprio queimar pode causar um pouco de sofrimento, mas isso não
é nada quando comparado com toda uma vida de infelicidade. 

Uma vez destruída as sementes do sofrimento, toda a sua vida se tornará uma vida de deleite. Assim, se você estiver apenas evitando o sofrimento e evitando encarar o sofrimento que está dentro de você, estará criando uma situação na qual ficará cheio de sofrimento por toda a vida.Quando as feridas que você está carregando vêm à tona, elas começam a se curar.
Esse é um processo de cura. Mas, quando você tem uma ferida, sei que não deseja que alguém a toque.
Você não deseja realmente saber que a tem; assim, deseja ocultá-la, mas, ao ocultá-la, ela não irá sarar. Ela precisa ser exposta aos raios do sol, aos ventos. 
No começo pode ser doloroso, mas, quando ela for curada, você compreenderá. E não há outra maneira de curá-la.
Ela precisa ser trazida à consciência, e esse próprio trazer à consciência é o processo de cura.  
Observe seus padrões de crenças e entre profundamente neles. Desta forma algo poderá ser feito, e o padrão pode ser mudado. 
Hábitos custam a morrer e você precisa observar seus padrões. 
Por que você pensa de determinada maneira?
Por que certo hábito tomou conta de você ?
Você não pode simplesmente abandoná-lo porque ele tem raízes em você – e as raízes vão fundo, persistem!
Perceber isto é o início do trabalho. Mas, não se satisfaça só com isto. 
Você terá que entrar profundamente nas trilhas de sua mente. Terá que se observar atentamente e perceber a razão pela qual alguma crença está aí…ativa… conduzindo você, ao invés de sua essência. Algumas vezes ocorre que só pelo fato de conhecer a causa,
noventa por cento dos seus problemas desaparecem. Para os dez por cento que restam, foque sua energia nesta busca mais profunda… você estará precisando de saídas alternativas. 





A PERCEPÇÃO DA REALIDADE
A realidade externa nunca é o que acreditamos que ela nos parece ser, ela é, apenas, um espelho da nossa realidade interna. Nossa realidade interna é formada a partir da percepção e interpretação que a nossa personalidade faz da realidade externa.
Nossa personalidade é constituída por um conjunto de crenças que fazem parte de nossa mente que estabelece uma maneira personalizada de conceituarmos e de interpretarmos a nós próprios, às outras pessoas, aos eventos e à vida em geral, ou seja, à realidade externa.  Este conjunto de crenças que constitui a nossa personalidade foi formado a partir de todas as experiências que tivemos no passado.

Todos nós passamos por diversas experiências no passado, entre elas: perdas, frustrações, enganos, rejeição, abandono, humilhação, incompreensão, privação, perseguição, injustiça, punição, traição, fracassos, erros, abusos, etc...

No momento em que a experiência é vivenciada podemos reagir com diferentes emoções ou sentimentos, entre eles:medo, raiva, tristeza, culpa, mágoa, solidão, impotência, ciúme, desgosto, vergonha, revolta, repugnância, inveja, desespero, impaciência, intolerância, incapacidade, desilusão, desesperança, menos-valia, apatia, orgulho, desânimo, insatisfação, auto-reprovação, auto-desgosto, etc...

A combinação de uma determinada experiência passada com a emoção ou sentimento, vivenciado no momento da experiência, formata uma crença dentro de nossa mente, que poderia ser:
- Os outros não são confiáveis;
- Eu não sou amado / considerado / desejado;
- Eu sou inferior / superior aos outros;
- Eu não sou bonito / capaz / bom o suficiente / inteligente;
- Eu sou responsável pela felicidade / infelicidade dos outros;
- Os outros são responsáveis pela minha felicidade / infelicidade;
- Eu não mereço ter dinheiro / poder;
- Eu não mereço o carinho / amor / consideração / atenção / respeito dos outros;
- Se eu for fiel ao que eu quero / ao que eu gosto / a quem eu sou não serei aceito pelos outros;
- Eu sou um peso para os outros;
- A vida é dura / viver é sofrer / tudo é muito difícil;
- Eu só faço besteira;
- Eu não sou capaz de tomar decisões corretas;
- Eu não sou compreendido;
- Não é seguro expressar os meus sentimentos;
- Eu não posso errar;
- Eu tenho que ser perfeito para receber o amor/ a consideração dos outros;
- Eu preciso lutar ou mostrar a minha força para ter o amor / a consideração / o respeito dos outros;
- Eu mereço sofrer;
- Os homens/as mulheres não são confiáveis
- Eu não sou importante;
- Eu sou uma decepção / imperfeito / burro / fraco / indefeso;
- Eu tenho que lutar muito pra conseguir o que quero;
- Eu preciso do amor de uma determinada pessoa para ser feliz;
- Eu sou uma pessoa má;
- Eu não quero estar aqui.

Estas crenças formam filtros que nos impedem de ver a realidade atual como ela realmente é, ou, como preferem os orientais, estas crenças são os véus de Maya, da ilusão, que encobrem a verdadeira realidade.

A somatória destas crenças formata um “programa” em nossa mente que nos induz a interpretar a realidade atual de uma maneira distorcida e nos condiciona a reagir às experiências do momento presente da mesma maneira que reagimos no passado, por exemplo: 
Em um ambiente de trabalho, cada funcionário pode criar uma diferente realidade ao ver o seu chefe de “cara feia”, assim, uma determinada pessoa que vivenciou experiências passadas que a condicionaram a desacreditar na sua própria capacidade, poderá interpretar a “cara feia” do chefe acreditando que ele está insatisfeito com o desempenho dela e reagir estimulada pelo sentimento de insegurança que se encontra armazenado dentro de si, o que poderá desencadear em certo nível de ansiedade e uma série de preocupações subseqüentes. Desta maneira, esta pessoa reforça e recria, neste momento, a realidade interna dela. 
Outro colega de trabalho que foi marcado por situações passadas de abuso, injustiça e humilhação poderá interpretar a “cara feia” do chefe como mais uma agressão sofrida a ele, o que reforçará ainda mais a indignação e a raiva dentro si e a recriação de sua realidade interna. 
Um outro colega de trabalho que sofreu abandono e rejeição no passado e que, no seu sistema de crenças, não acredita que é digno de receber a estima de outras pessoas, poderá interpretar a “cara feia” do chefe como mais uma desaprovação à sua pessoa e reagir estimulado pela angústia e pela tristeza que se encontram dentro de si relacionadas com a necessidade de ser bem quisto pelos outros, reforçando e recriando neste momento a sua realidade interna.
Todo este processo, na maioria das vezes, acontece de maneira inconsciente e cada um destes colegas de trabalho acreditará na ilusão da sua própria realidade interna, gerando mais stress para as suas vidas, reagindo e tomando atitudes baseadas nestas crenças, recriando, perpetuamente, a sua própria ilusão individual.

A nossa personalidade cria a realidade externa através das crenças e dos padrões de reações emocionais condicionados pelas experiências passadas e reforça a ilusão do passado a cada novo momento.

Os estudos mais recentes sobre a influência da personalidade no desenvolvimento e controle do estresse demonstram que mais do que o acontecimento em si, a maneira como o interpretamos, sentimos e a forma pela qual reagimos a ele – a ilusão da realidade interna - é o que nos provoca estresse. Outra descoberta importante e interessante nestes estudos é que a ocorrência do estresse não requer necessariamente que haja perigo real. Uma preocupação qualquer ou um problema imaginário – a ilusão da realidade interna - pode iniciar o processo de estresse. A reação de estresse tem como base a percepção por parte da personalidade de algum tipo de ameaça ao seu bem-estar e esta ameaça tanto pode ser verdadeira, como algo que consciente ou inconscientemente é percebido como tal.  O componente imaginário, provindo do interior da pessoa, é muito mais significativo que a circunstância considerada como a fonte do estresse. Uma mesma situação não constitui uma fonte de estresse para dois indivíduos de personalidades distintas. Enquanto um dará uma resposta adequada sem muito esforço, o outro poderá apresentar uma crise de angústia. Pode mesmo acontecer que o primeiro nem preste atenção ao que o segundo considere como muito importante.

Alguns destes padrões que fazem parte da nossa personalidade nós temos consciência, mas possuímos dificuldade de transformá-los porque estamos apegados às crenças e às emoções relacionadas a eles. Em algumas situações de nossa vida, compreendemos a forma mais adequada e satisfatória para nós de agirmos, porém quando nos encontramos na determinada situação, a crença e a respectiva emoção conectada a ela nos dominam e nós acabamos reagindo de uma maneira que não nos é satisfatória.

Tomemos como exemplo uma pessoa que possui uma crença de incapacidade em algum aspecto de sua personalidade. Esta pessoa pode estar consciente deste sentimento de incapacidade e desta maneira vai deixar passar muitas oportunidades que a vida oferece porque não acredita que será bem sucedida ou, algumas vezes, poderá até tentar, porém como irá atuar acreditando que não é capaz, não irá conseguir um bom desempenho, pois recriará, na realidade externa, a crença que existe em sua realidade interna. Esta pessoa tem consciência da sua limitação, porém tem dificuldade de superá-la devido ao fato de estar apegado à crença e ao sentimento de incapacidade.

Muitas das crenças que fazem parte da nossa personalidade nós não temos consciência. Nestes casos, a dor relacionada com uma determinada crença é tão grande, quase que insuportável, que, para nos protegermos dela, cultivamos a crença no subconsciente. Desta maneira, não entramos em contato diretamente com a dor e atuamos em nossa vida numa atitude que vise supercompensar a determinada crença, mas mesmo assim, vivemos dentro da limitação que ela nos impõe e de conseqüentes sofrimentos. Aproveitando o exemplo da crença de incapacidade acima citada, uma pessoa que supercompense o sentimento de incapacidade poderá atuar como pessoa extremamente capaz entre todos. Porém, ela não atua de uma forma tranqüila e relaxada, ela agirá tentando fazer tudo de uma maneira que o resultado seja exageradamente perfeito. Por mais que atue com capacidade, sempre estará insatisfeita consigo própria, exigindo de si mesma perfeição máxima em tudo o que faz, sempre preocupada, tensa e estressada com o seu desempenho, sempre carregando uma sensação que poderia ter feito melhor. Este tipo de atitude, também, irá acarretar sofrimento e limitação na vida dela.

Nos dois exemplos a crença é a mesma, porém o sofrimento e as limitações diferem. O mais importante de se observar nestes dois casos é que a crença é irreal, em nenhuma das duas possibilidades as pessoas são incapazes, mas a realidade interna, consciente ou subconsciente, criará a realidade externa.

A maneira particular que nós possuímos de perceber a nós mesmos, aos outros e aos eventos da vida, em geral, não corresponde à verdadeira realidade. É a ilusão virtual do programa em nossa mente que ficou formatado a partir de experiências passadas que faz com que vejamos a realidade do momento presente de uma forma distorcida. Este programa nos induz a repetir as mesmas atitudes, decisões e reações emocionais diante das novas experiências que a vida oferece a cada instante e, assim, perpetuamos a realidade do passado, recriamos todas as dores e sofrimentos com os quais o programa foi formatado.

A maior parte da atividade deste programa é desconhecida por nós mesmos, porque ela se processa em nosso subconsciente. Acreditamos que temos o poder de comandar a nossa vida, mas, na maior parte do tempo, somos comandados, conscientes ou inconscientes, por este programa. Recriamos e retro-alimentamos, no presente, crenças, padrões de reações, atitudes e decisões que foram condicionados no passado


Vivemos no piloto-automático, abrimos mão do nosso poder pessoal diante da vida e do nosso destino e eternizamos o passado no futuro, perpetuando as mesmas dores, sofrimentos, desconfortos e limitações.
Continua...



O ESTADO INTERNO
É muito comum as pessoas serem diagnosticadas ou se autodiagnosticarem como sofredoras de depressão, de ansiedade, de síndrome do pânico ou de outros desconfotos cujas causas não apresentam uma definição específica. Hoje, na mídia, existem muitas informações a respeito destes distúrbios e as pessoas se identificam com as informações e se autodiagnosticam com facilidade. Porém, as poucas informações que existem sobre as causas destes problemas são generalizadas e apontam o estresse como o responsável. Para chegarmos às causas do estresse, a única saída é a autoconsciência, a autopercepção, a auto-observação.

É bastante esclarecedor nos propormos a explorar mais profundamente nossa mente de modo que possamos personalizar os sintomas desses desconfortos. Podemos fechar os olhos e relembrarmos um momento ou situação do nosso dia-a-dia que mais sentimos, por exemplo, a ansiedade. Então, tomar consciência em que parte do corpo nós sentimos a ansiedade aflorar, a qual pode ser a região da cabeça, da garganta, do peito, do estômago, do ventre ou qualquer outra. Ao identificarmos a região do corpo, mentalmente podemos entrar nesta região e tomar consciência da emoção ou sentimento que está presente nesta região, que pode ser medo, raiva, tristeza mágoa, culpa ou outro. Após identificar a emoção e a parte do corpo relacionada com a ansiedade, podemos lembrar que pensamentos passam em nossa mente no momento que estamos sentindo a ansiedade.

Este exercício nos auxilia a entrarmos em contato com o nosso Estado Interno e percebermos qual é a realidade interna no momento em que vivenciamos, no caso, a ansiedade. Para algumas pessoas, ansiedade é medo, para outras é impaciência, irritação, preocupação, raiva, carência ou insegurança. Depois, juntando as informações dos pensamentos e das emoções, se, por exemplo, a emoção for o medo, podemos pesquisar de quê e por que estamos com medo. Algumas vezes conseguimos obter a percepção que este exercício propõe com facilidade e outras com maior dificuldade. É produtivo repetir este exercício em determinadas situações do dia-a-dia nas quais nós sentimos ansiedade de uma forma mais intensa, de modo que possamos obter mais informações sobre o nosso Estado Interno.

Este exercício possibilita-nos, aos poucos, tomarmos consciência da nossa realidade interna, das crenças e dos padrões de reação de nossa personalidade nas situações que nos causam estresse. Para que ele possa ser praticado é necessário pararmos em determinados momentos do dia-a-dia, desligar o piloto-automático e observar a nossa mente: pensamentos, emoções e sensações físicas.
 Outro benefício desta prática é equilibrar o uso dos dois hemisférios cerebrais. Algumas pessoas tendem a ser racionais diante da vida e possuem pouca consciência de suas emoções e sentimentos, pois racionalizam suas experiências, o que pode limitá-las de vivenciar o prazer, a alegria e a espontaneidade em determinadas situações de suas vidas. Outras pessoas tendem a ser emocionais em suas experiências e se perdem nas emoções, principalmente naquelas que as levam ao sofrimento, perdendo, também, a clareza e a objetividade diante de muitas situações de suas vidas. Não existe uma atitude certa ou errada, o ideal é vivenciarmos com equilíbrio a razão e a emoção. Este tipo de prática poderá ajudar tanto as pessoas mais racionais, quanto as mais emocionais a encontrarem este equilíbrio.  

OBSERVANDO A MENTE
Através do hábito da autoconsciência e da observação do nosso Estado Interno podemos perceber em que situações, atitudes nossas ou das outras pessoas vivenciamos sentimentos de frustração, indignação, revolta, insegurança, ciúme, inveja, insegurança, medo, tristeza, solidão ou outro. Começamos a compreender o que nos irrita, o que nos magoa, o que nos entristece, o que nos revolta, o que nos causa indignação, o que nos dá medo, o que nos angustia, o que nos preocupa etc. Tomamos consciência, aos poucos, das crenças, conscientes ou subconscientes, que estão por trás dos nossos desconfortos.

Neste primeiro momento o objetivo principal da auto-observação e autoconsciência é nos treinarmos para que possamos sair do piloto-automático da mente, nos conhecermos melhor e iniciarmos o processo de nos desapegarmos do condicionamento de vivermos inconscientes. Não há nenhum objetivo de julgar aquilo que observarmos em nós mesmos. Num segundo momento, iremos trabalhar em descobrir as crenças conscientes e subconscientes que nos causam limitações e sofrimentos e, num terceiro momento, iremos focar em como transformar estas crenças.

            No seu dia-a-dia comece a assumir o papel de observador de sua mente. Preste atenção a voz que se encontra dentro de sua cabeça, como uma testemunha do que acontece em seu interior. Identifique os padrões repetitivos de pensamentos. Identifique para onde vai a sua atenção na maior parte do tempo, quais são as suas maiores preocupações. Onde nós focamos a nossa atenção é onde nós investimos a nossa energia. Muitas vezes colocamos a nossa atenção e gastamos a nossa energia em questões que só nos trazem desconforto e limitações, enquanto deixamos de dar atenção e energizar questões que são mais importantes e necessárias para nós.

            Quando nós assumimos a posição de observador da nossa mente, nós adquirimos consciência, não só do pensamento que nós observamos, mas também de que nós estamos testemunhando aquele pensamento. Nesta posição de testemunha nós nos encontramos fora do piloto-automático da mente, com uma maior conexão com a nossa Divindade interna e um maior poder sobre a nossa mente e nossos pensamentos e, conseqüentemente sobre as decisões que podemos tomar em nossa vida. Este é o primeiro passo do treinamento para que  possamos deixar de ser possuídos pela mente, pelos pensamentos compulsivos e resgatarmos o nosso poder pessoal de focalizar a nossa atenção e a nossa energia em pensamentos e questões de uma maneira consciente, conforme a nossa decisão e vontade.
 Devido ao condicionamento que estamos submetidos de viver inconscientemente no piloto-automático da nossa mente, é importante pararmos em alguns momentos do dia-a-dia e observarmos quais os pensamentos que estão passando pela nossa cabeça. Podemos escolher nos observarmos nas mais variadas situações: no momento que acordamos, quando estamos tomando banho, nos vestindo, nas refeições, quando estamos indo ou retornando do trabalho, em momentos do nosso trabalho, de nossa vida pessoal, nos momentos de lazer, antes de dormir, etc.  

TOMANDO CONSCIÊNCIA DO ESTADO INTERNO
             É bastante importante nos testemunharmos, principalmente quando observamos pensamentos persistentes e repetitivos e nas situações que interpretamos como desconfortáveis, “chatas”, desagradáveis, nas quais não nos sentimos à vontade, nas situações que nos causam estresse, ansiedade, nervosismo, irritação, impaciência, angústia, ou qualquer outro desconforto.Nestas situações é importante, também, não só prestarmos atenção aos nossos pensamentos, mas também, nas sensações que estes pensamentos provocam no nosso corpo e nas as cargas emocionais que estão correlacionados às sensações físicas e aos pensamentos, ou seja, tomarmos consciência do nosso Estado Interno.
Nestes momentos de estresse testemunhe o seu Estado Interno. Crie o hábito de perguntar a você mesmo: “O Que está acontecendo dentro de mim neste momento? Observe quais os pensamentos que passam pela sua mente, qual é a emoção relacionada a estes pensamentos e que sensações estes pensamentos e emoção provocam no seu corpo. 

Algumas pessoas possuem dificuldade de sentir as suas emoções, por isso pode ser útil iniciar pelo desconforto ou tensão que elas sentem no corpo e, após, aprofundar-se na emoção contida neste desconforto para, então, identificar os pensamentos que estão relacionados com o desconforto e com a emoção. Se este for o seu caso, sinta o seu corpo, leve sua atenção para a área interna do seu corpo e identifique onde existe desconforto. Ao identificar a região onde se encontra o desconforto no seu corpo, mentalmente entre dentro desta região e observe-a no seu corpo, sinta-a no seu corpo. Identifique qual é a carga emocional que se encontra nesta região do seu corpo. Você pode perguntar para você mesmo: “O que eu estou sentindo? Medo, alegria, raiva, mágoa, tristeza, culpa? Qual é a emoção que se encontra dentro de mim neste momento?”
Para outras pessoas, talvez seja mais fácil tomarem consciência primeiro da emoção, depois do desconforto no corpo e, após, aos pensamentos correlacionados.
Nestes momentos você pode observar, também, se você está experimentando o papel de responsável ou de vítima na determinada situação. Relembrando que não é o objetivo julgar ou criticar o que você estiver testemunhando. Se aparecerem autojulgamentos ou autocríticas, observe-os e reconheça isso como mais uma das características do programa que está formatado em sua mente.
  
CONSCIÊNCIA NO MOMENTO PRESENTE
            Ao testemunharmos nosso Estado Interno nas situações que nos causam estresse, perceberemos os pensamentos e cargas emocionais persistentes que nos causam desconfortos e a grande quantidade de tempo e de energia que dispensamos neste processo. Nestas situações que conscientemente identificarmos como desgastantes e decidirmos não ser interessante para nós mantê-las, podemos iniciar um treinamento para nos desapegarmos delas.

A respiração tem um papel importantíssimo dentro deste processo, pois através dela podemos sair do piloto-automático. Fazer uma série de respirações abdominais, inspirar profundamente pelo nariz e expirar pela boca com a mandíbula relaxada, de quatro a sete vezes, ou mais, se necessário, em todas as situações que nos causam estresse e observar a nossa realidade interna é um hábito muito útil que nos possibilita sairmos da condição de sermos dominados pela mente e pelo estresse e assumirmos a condição de testemunha, de observador da mente.

Ao optarmos em parar para respirar conscientemente, e não automaticamente como fazemos quando estamos inconscientemente identificados com a mente, nas situações que nos causam estresse, estaremos dando espaço para a nossa Divindade manifestar-se em nossa vida. Inspiramos a verdade, a luz e a consciência e expiramos as tensões, as cargas emocionais. Desapegamos-nos da ilusão, relaxamos e iniciamos o processo de reconexão com a nossa Divindade. Começamos a resgatar o nosso poder pessoal diante da vida e das circunstâncias.

Após uma série de respirações para liberar a carga emocional do Estado Interno que nos desejamos nos desapegar, o próximo passo é ancorarmos no momento presente focalizando a nossa atenção para o aqui-agora. Este treinamento é muito útil, não só quando desejamos nos desapegar de um determinado Estado Interno desconfortável, mas também quando estamos em atividades do dia-a-dia que realizamos de maneira automática, tais como dirigir, caminhar, tomar banho, limpar e arrumar a casa ou situações em que temos que esperar algo ou alguém.

Basta apenas estarmos atentos para o que acontece no momento presente, apenas observar sem julgar nem interpretar nada. Tomar consciência do que estamos vivenciando no momento em que estamos realizando estas atividades: as sensações que estamos experimentando, mantermos-nos atentos ao que estamos vendo, às luzes, às formas, aos espaços, aos sons que estamos ouvindo, aos cheiros, à temperatura, às sensações corporais, ao movimento do nosso corpo, às áreas de desconforto e à tensão muscular em nosso corpo, ao que está acontecendo ao nosso redor ou, ainda, simplesmente percebermos a nossa respiração, o ar entrando e saindo do nosso corpo, o movimento do abdome, o caminho que o ar faz desde que entra em nosso corpo até o momento que ele sai.

Quando nos propomos a estar no momento presente é interessante observar que a mente tentará incessantemente nos trazer preocupações, pensamentos, idéias, emoções, desconfortos e outros estímulos que nos tirarão do objetivo principal de nos mantermos focados no momento presente. Não há nenhum problema nisto, pois esta é uma das características da nossa mente. Porém, podemos aproveitar este desvio para conhecer um pouco mais sobre nós mesmos, tomar consciência do nosso Estado Interno, fazer algumas respirações para liberar a carga emocional, e voltarmos a focalizar nossa consciência no momento presente.

Ao iniciarmos a praticar a autoconsciência, a atitude de testemunharmos a nossa mente e os nossos Estados Internos, perceberemos que nossa atenção na maior parte do tempo não está no momento presente. Perceberemos o quanto vivemos inconscientemente. Não há nada de errado nisso. Nós iremos sempre alternar entre os estados de consciência e inconsciência. Só o fato de sairmos do piloto-automático e nos darmos conta que não estamos no presente, já é um grande passo.

Quando nós assumimos a posição de testemunha de nosso Estado Interno, nós assumimos o poder, deixamos de ser a emoção e não permitimos que ela assuma o poder. Porém, algumas situações que nos causam estresse provocam uma grande carga emocional dentro de nós e a tendência nestes momentos é de ficarmos inconscientes e reféns da emoção. Desta maneira seremos a emoção e estaremos desconectados da nossa Divindade interna e perdemos o poder de decidir e agir conforme a nossa vontade, pois reagiremos no piloto-automático, de acordo com o programa estabelecido em nossa mente pelas crenças subconscientes condicionadas pelas experiências passadas. Como conseqüência, também, haverá um grande desgaste em nossa energia o que afetará não só o nosso bem-estar, assim como a nossa disposição física e mental, pois grande parte da nossa energia estará sendo consumida pela emoção deste momento.

Todos nós possuímos determinados Estados Internos que nos leva a um grande sofrimento e devido ao nosso apego aos nossos padrões e às crenças subconscientes relacionadas a eles, teremos uma tendência maior a realimentá-los e uma certa dificuldade de nos desconectarmos deles. Nossa atitude em relação a estes Estados Internos mais persistentes, neste primeiro momento, é tomarmos consciência do Estado Interno, praticarmos conscientemente a respiração para liberar carga e refocalizarmos a nossa atenção no momento presente. Estes Estados Internos mais persistentes exigirão de nós uma força interior mais profunda e uma determinação maior em não realimentá-los com a nossa atenção e a nossa energia. Sem a nossa identificação constante com eles e sem a energia que nós, antes, dispúnhamos a eles, eles tenderão a ficar enfraquecidos, com menor intensidade e menos freqüentes.

Com o treinamento e a prática, aprenderemos a resgatar nosso poder e passaremos a vivenciar no nosso dia-a-dia uma freqüência e intervalo de tempo cada vez maiores de consciência, de ancoragem no momento presente e de maior conexão com a nossa Divindade interna.

Sair do condicionamento de viver inconsciente pode parecer ser difícil no início, mas é bem possível, basta apenas paciência, boa vontade, perseverança e treinamento, pois é um processo que se desenvolve gradualmente. Se quisermos ter um bom condicionamento físico sabemos que é necessário ter disciplina para fazermos exercícios físicos regularmente. Se quisermos ter um bom condicionamento espiritual, é necessário ter disciplina para pararmos regularmente em determinados momentos do dia-a-dia, respirarmos, tomarmos consciência do nosso Estado Interno, dos pensamentos, dos desconfortos, das emoções e treinarmos para nos desapegarmos dos Estados Internos que não nos interessa . Pouco a pouco, com a prática constante, torna-se um hábito prazeroso, uma brincadeira na qual nos leva ao desapego de nossa mente. Como conseqüência, abrimos espaço para a manifestação da nossa Divindade e fortalecemos a conexão com ela, o que nos permite descobrir quem realmente somos, o poder que temos e vivenciar, cada vez mais, uma sensação de paz, liberdade, amor, alegria e criatividade na nossa vida diária. É o processo do despertar, viver cada vez menos os pesadelos da ilusão da mente e nos apropriarmos do poder sobre as nossas atitudes e decisões, a nossa vida, o nosso futuro e o nosso destino.
  
ALGUMAS QUESTÕES PARA A AUTOCONSCIÊNCIA
  
Responda as questões abaixo que forem relevantes para você neste momento da sua vida:

- Com que pessoas e/ou em quais situações você se sente estressado ou pouco à vontade?
- Com que pessoas e em quais situações você deixa de ser espontâneo?  
- Com que pessoas e em quais situações você tem medo de demonstrar fragilidade?  
- Com que pessoas e em quais situações você deixa de expressar os teus sentimentos, sejam eles de frustrações ou de amorosidade?  
- Com que pessoas e em quais situações você deixa de ser fiel aos seus sentimentos, necessidades ou desejos?
  - Com que pessoas e em quais situações você possui dificuldade de dizer não?
- Com que pessoas e em quais situações você possui dificuldade de dizer sim?  
- Com que pessoas e em quais situações você sente-se inseguro?  
- Com que pessoas e em quais situações você sente angústia?  
- Com que pessoas e em quais situações você sente nervosismo?  
- Com que pessoas e em quais situações você sente ansiedade?  
- Com que pessoas e em quais situações você sente mágoa?  
- Com que pessoas e em quais situações você sente raiva ou frustração?  
- Com que pessoas e em quais situações você fica desânimo?  
- Com que pessoas e em quais situações você sente tristeza?  
- Com que pessoas e em quais situações você sente culpa?  
- Que pessoas ou situações você manipula para satisfazer a tua necessidade?  
- Com que pessoas e em quais situações você se deixa ser manipulado?  
- Em quais situações você deixa de agir por medo de errar?  
- Com que pessoas e em quais situações você se preocupa em excesso com que os outros pensam de você?  
- Com que pessoas e em quais situações você vivencia o papel de responsável?  
- Com que pessoas e em quais situações você vivencia o papel de vítima?  
- Quais os pensamentos mais freqüentes de autocríticas e autojulgamento?  
- Quais as críticas e julgamentos mais freqüentes que você faz às outras pessoas?  
- No final do dia, em que parte do corpo você acumula mais tensões ou desconfortos?


UNIFICAÇÃO INTERIOR
Quando conseguimos perceber o quão insensato é viver dentro deste programa, desta ilusão criada pela  mente, tendemos a nos perguntar como podemos reformatar este programa, sair do piloto-automático e recuperar o nosso poder pessoal diante da vida.
Geralmente esta pergunta, vem junto com um rápido vislumbre, uma sensação de uma possibilidade, ainda não bem compreendida, de que vivemos uma ilusão e que podemos adquirir o poder de recriar o nosso presente e o nosso futuro, diferente do passado, sem sofrimentos e limitações.
Esta sensação é verdadeira e ela vem de nossa Divindade interior, da nossa verdadeira identidade, da nossa verdadeira realidade, uma realidade de paz, alegria, sabedoria e amor que é difícil de ser percebida e acessada quando estamos mergulhados na ilusão de nossas crenças.
Conforme a crença de cada um, esta Divindade, pode ser chamada também de Deus, Eu Superior, Espaço Não-Dual, Unidade, Self, Espírito Santo, Fonte, Amor, “Nosso Melhor”. É através dela que entraremos em contato com a nossa intuição, com o “manual” personalizado que nos ajudará a conduzir a nossa vida fora do programa condicionado pelas experiências passadas.
Muitas pessoas sentem um “chamado” dentro de si, uma necessidade de se espiritualizarem e ao mesmo tempo uma dificuldade em saber como fazer isso. Muitas pessoas acreditam que poderão se espiritualizar participando de uma determinada religião, filosofia, ritual, grupo espiritualista, esotérico, místico ou de qualquer outra instituição ou grupo que transmita a elas uma sensação de que estão de alguma maneira se espiritualizando. Algumas vezes estes caminhos podem até serem úteis, para alguns de nós, em determinadas fases de nossa vida, porém chegará um momento que estes caminhos não nos trarão satisfação.

Os caminhos que nos estimulam a buscar um Deus fora de nós, uma autoridade externa que nos valide como uma pessoa espiritualizada, provavelmente não irão preencher o vazio que só será preenchido quando sentimos e vivenciamos a presença de Deus dentro de nós mesmos. Algumas vezes, quando buscamos Deus fora de nós é possível que estejamos apegados a alguma crença subconsciente como por exemplo: se não seguirmos as regras e mandamentos de uma determinada religião ou filosofia algum castigo ou alguma coisa ruim poderá acontecer conosco ou não poderemos ser aceitos e amados por Deus ou não iremos para o céu depois que morrermos ou, ainda, que teremos uma próxima encarnação com mais dificuldades ou outra crença relacionada.

A maior parte dos caminhos que colocam Deus fora de nós mesmos não poderá oferecer uma experiência autêntica e satisfatória de espiritualização. Um dos caminhos mais fáceis que possibilita a espiritualização e que preenche o vazio existencial de modo completo e satisfatório é através da expansão da nossa consciência, do conhecimento e do desapego de nossas crenças limitantes e da unificação com a nossa Divindade interior.




SAINDO DO PILOTO-AUTOMÁTICO
"Aquele que olha para fora, sonha. Aquele que olha para dentro, acorda.” – Carl Jung
É em nossa mente que o programa de crenças limitantes se desenvolve, e quando nos encontramos no piloto-automático é porque estamos nos identificando com a nossa mente e nossos pensamentos. A identificação com a mente nos impede de entrar em contato com nossa Divindade e nos mantêm presos à ilusão e ao sofrimento. Abrir mão do nosso poder pessoal é deixar de usar a mente e passar a ser usado por ela. Estamos acostumados, literalmente viciados, a sermos usados e possuídos pela nossa mente e não temos consciência disso.
A primeira coisa que podemos fazer, para deixarmos de ser escravos da nossa mente, é conhecê-la e tomarmos consciência do programa que se encontra armazenado nela.

Uma das maneiras de conhecermos este programa é desenvolver o hábito de observar a mente e a nossa realidade interna. Podemos nos colocar como um observador, à parte, dentro de nós mesmos, observando em que direção está fluindo os nossos pensamentos, qual a emoção relacionada a eles, de que maneira interpretamos e reagimos às pessoas, às situações e aos eventos que se apresentam diante de nós.
É interessante observar a nossa mente como se ela fosse outra pessoa, uma pessoa amiga que desejamos conhecer com bastante interesse, mas apenas observar esta pessoa que habita dentro de nós de uma maneira imparcial, sem nenhuma crítica, julgamento ou condenação. Todos os padrões que nós percebermos fazem parte da personalidade desta pessoa, deste ser que comanda a nossa vida e sobre o qual nós conhecemos muito pouco. Descobrir como esta pessoa vê a vida, como ela vê as outras pessoas e como ela vê a si mesma, quais as atitudes que ela toma diante das pessoas ou situações, para depois buscar compreender o que motiva estas atitudes, ou seja, que crenças limitantes estão por detrás desta personalidade. 




CRENÇAS LIMITANTES - PAPÉIS E DRAMA

Ao observar nossa mente podemos nos deparar com muitas crenças que nos induzem a nos colocarmos em determinados papéis diante da vida e das pessoas. Cada um desses papéis nos confere um drama específico que vivenciamos em nossa mente, principalmente em nosso subconsciente. Em nossos pensamentos sempre estaremos alimentando um determinado papel e seu respectivo drama que irão se personalizar em cada um de nós conforme a crença e sentimentos específicos. Cada drama se revela como plano de fundo dos sintomas de ansiedade, angústia, desânimo, irritação, depressão ou outro, que nos conduz ao sofrimento. Entre todos os papeis se encontram, dois papeis bastante comuns que muitas vezes assumimos, inconscientemente, em nossos relacionamentos afetivos, familiares, profissionais ou em relação à própria vida em geral, que são o papel de vítima e de responsável. É bastante proveitoso e interessante observar em que situações ou pessoas estamos atuando e experimentando estes dois papéis.

O Papel de Vítima.
Quando estamos experimentando o papel de vítima é porque interpretamos as situações que vivenciamos no passado acreditando que as pessoas nos prejudicaram e que de alguma maneira estão em débito conosco, que somos infelizes porque as pessoas não estão se portando da maneira que gostaríamos. No momento presente o papel de vítima alimenta um drama em nossa mente que nos induz a um sentimento permanente de insatisfação com relação às outras pessoas.
Como conseqüência, no momento atual, em nosso subconsciente, nós carregamos crenças que estimulam um sentimento de vítima muito grande que faz com que responsabilizemos os outros pelos nossos sentimentos, nossos sofrimentos, nossos problemas e nossas limitações. Não nos damos conta das coisas boas, da ajuda e do apoio que recebemos das outras pessoas. Consideramos, subconscientemente, que tudo que recebemos de bom das outras pessoas, não foi mais que obrigação delas. Não validamos, nem damos importância ao que recebemos. Focamo-nos apenas no que ainda nos falta e no que, ainda, os outros não nos ofereceram e que acreditamos que eles devam nos oferecer. Não podemos conceber a nossa felicidade, não podemos nos sentir bem, sem que os outros mudem e atendam às nossas expectativas.
Neste drama, não temos consciência que em nossa mente sempre estamos alimentando o papel de vítima. Assim como, não percebemos que oferecemos muito pouco aos outros, não nos doamos, porque afinal de contas acreditamos que estamos sofrendo por causa dos outros e que são eles que estão nos devendo algo ou nos prejudicando. Por mais que as outras pessoas nos tratem bem estamos viciados no drama de pensamentos e sentimentos constantes de insatisfação, descontentamento, autopiedade e conseqüentes emoções de raiva, mágoa, tristeza ou outra. Porém, o que temos dificuldade de perceber é que, na realidade, somos vítimas de nós mesmos porque atuando neste papel abrimos mão do nosso poder pessoal e colocamos o nosso poder e a nossa felicidade nas mãos dos outros.

O Papel de Responsável.
Quando experimentamos o papel de responsável é porque interpretamos as situações que vivenciamos no passado acreditando que as pessoas foram por nós prejudicadas, que nós estamos em débito com as outras pessoas, que as outras são infelizes porque nós não somos adequados ou não estamos nos portando de maneira que elas gostariam. No momento presente, o papel de responsável alimenta um drama em nossa mente que nos induz a um sentimento permanente de insatisfação conosco mesmo.
Como conseqüência, no momento atual, em nosso subconsciente, nós carregamos crenças que estimulam um sentimento de culpa muito grande que faz com que não consigamos nos sentir bem se os outros não estiverem bem. Não percebemos, nem damos importância ao que fazemos em benéfico dos outros. Focamo-nos apenas no que deixamos de fazer ou ainda não fizemos pelos outros. Acusamo-nos pelos sentimentos e sofrimentos dos outros. Não podemos conceber a felicidade dos outros sem que tenhamos que fazer alguma coisa para que ela aconteça.
Neste drama, não temos consciência que, em nossa mente, sempre estamos alimentando o papel de responsável. Assim como, não percebemos que constantemente nos desrespeitamos, nos deixando em segundo plano e nos dedicamos a fazer para os outros tudo o que acreditamos que os fará felizes. Não percebemos o quanto deixamos de fazer por nós mesmos porque acreditamos que merecemos muito pouco, porque em nosso subconsciente acreditamos que estamos devendo aos outros, que nós somos os responsáveis pelo seu sofrimento, dificuldade ou problema. E, quem tem culpa merece castigo. Desrespeitamos-nos porque estamos viciados no drama de pensamentos e sentimentos constantes de responsabilidade pelos outros, de insatisfação e descontentamento conosco mesmos e conseqüentes emoções de raiva de nós mesmos, culpa, tristeza ou outra. Porém, o que temos dificuldade de perceber é que, na realidade, somos responsáveis apenas por nós mesmos porque atuando neste papel, também, abrimos mão do nosso poder pessoal e colocamos o nosso poder e a nossa felicidade nas mãos dos outros na medida em que acreditamos que nosso bem estar depende do bem estar dos outros.
Os papéis de vítima e responsável se manifestam em todos os relacionamentos de nossa vida, principalmente nos relacionamentos entre pais e filhos, irmãos, cônjuges, amigos, chefe, etc. Com algumas pessoas podemos nos perceber atuando, predominantemente, no papel de vítima, com outras no papel de responsável. É interessante observar que devido ao poder de criação na realidade externa que estes papéis e seus respectivos dramas possuem, nos relacionamentos pessoais citados acima normalmente uma vítima sempre atrai um responsável e vice-versa. Algumas vezes, também, estes papéis podem se confundir num mesmo relacionamento. O exemplo que se segue é muito comum e pode se encontrar em alguns de nossos relacionamentos mais próximos. 
Uma pessoa que atua no papel de Vítima tende a se encontrar em situações bastante problemáticas e possui dificuldade de superá-las devido ao fato de subconscientemente acreditar que são os outros ou a vida que devem mudar para que ela possa ser feliz. Por conseqüência, é muito comum ela não assumir responsabilidade e não se esforçar para superar estas dificuldades. A pessoa que atua no papel de Responsável com relação a uma determinada Vítima, como inconsciente acredita que só se sentirá bem quando a Vítima estiver bem e sem problemas, num primeiro momento, tenderá a resolver todos os problemas e dificuldades da Vítima. Num determinado ponto no desenvolvimento do relacionamento a Responsável perceberá que a Vítima, também tem de fazer a sua parte, “se ajudar”, para que os problemas possam ser resolvidos. Neste momento a Responsável, começará a estimular e até mesmo cobrar para que a Vítima mude. Porém a Vítima, presa no seu drama e ilusões de vítima, não tem condições de perceber que ela necessita mudar determinadas atitudes e não se dispõe a fazer tais mudanças. Então a Responsável tenderá a fazer mais pressão à Vítima com a intenção de ajudá-la. A cada cobrança que a Responsável faça induzindo a Vítima mudar, esta se sentirá agredida.  
Muitos conflitos decorrem destes tipos de atitudes. O tipo de cobrança que a Responsável fará à Vítima esperando uma mudança de atitude dela, pode manifestar-se de diferentes modos, seja através de cobranças que estimulem o sentimento de culpa na Vítima ou, até mesmo, em atitudes verbais ou fisicamente agressivas. A pessoa que atua predominantemente no papel de Responsável começa, a partir deste momento, a vivenciar um papel de vítima da que atua predominantemente no papel de Vítima: “Eu faço tudo por você e você não faz nada pra se ajudar”. Ou seja, ela acaba se sentindo vítima da Vítima, porém no fundo ela é vítima do sentimento de responsabilidade que possui com relação à Vítima. Pois ela acredita que só poderá ser feliz quando a Vítima estiver bem. E, assim, o relacionamento conflituoso poderá a prosseguir até o fim da existência. Mas há a possibilidade da Responsável tomar consciência, de que por mais que ela “faça tudo” para ajudar a Vítima e estimule-a a mudar, realmente a Vítima só poderá ser feliz quando ela mesma assumir a responsabilidade por seus problemas e mudar de atitude com relação à vida. A Responsável poderá dar-se conta, finalmente, de que ela não é responsável pelo bem-estar e pela felicidade da Vítima. Então, ela poderá se desapegar das crenças e ilusões deste sentimento de responsabilidade e poderá transformar o relacionamento com aquela que se encontra no papel de Vítima. Não dependendo mais da atitude, da mudança ou não da Vítima para que possa sentir-se bem ou ser feliz. Este tipo de mudança, quando acontece nestes relacionamentos, tendem a acontecer após anos e anos de sofrimentos vivenciados através de desgastantes conflitos e sentimentos de mágoa, tristeza, culpa, raiva, impotência, incompreensão, etc.
Estes papéis de vítima e responsável podem se manifestar não apenas em relacionamentos com outras pessoas, mas, também, no nosso relacionamento com a própria vida, assim como no nosso relacionamento com Deus.
É importante tomarmos consciência em quais relacionamentos estamos carregando crenças que nos colocam a representar qualquer um destes papéis. Ao observar nossos pensamentos, sem julgamentos ou condenações, podemos perceber com que pessoa ou pessoas estamos atuando no papel de vítima ou de responsável, assim como o conjunto de pensamentos que alimentam o drama e os respectivos sentimentos e emoções destes papéis. Em maior ou menor grau, com algumas pessoas de nosso relacionamento podemos atuar no papel de vítima, com outras no papel de responsável.
À medida que vamos tomando consciência de nossas crenças e dos nossos papéis de vítima e de responsável diante da vida e das outras pessoas, nos damos conta de toda a ilusão que se encontra nestes papeis então, podemos assumir responsabilidade por todas as dificuldades, problemas, sofrimentos e limitações que criamos em nossa vida e em nossos relacionamentos. Se após estas observações, chegarmos a conclusão que estes papéis não nos servem mais, estaremos prontos para começar a utilizar o nosso livre-arbítrio e resgatar o nosso poder pessoal. Poderemos dar início ao processo de nos desapegar destes papéis e suas respectivas crenças e ilusões, transformando estes relacionamentos, de modo que sejam mais satisfatórios e prazerosos para nós mesmos. Desta maneira, criamos uma nova realidade onde a nossa felicidade e o nosso bem estar não dependem de nada ou de ninguém.
Tomar consciência e nos libertarmos das crenças e dos papéis de vítimas e responsáveis que experimentamos em nossa vida é muito proveitoso porque estes dramas consomem grande parte da nossa energia, nos estimulam a vivenciar muitos sofrimentos desnecessários e nos desconectam de nossa divindade, do manual que se encontra dentro de nós mesmos, daquele ponto de paz que possibilita surgirem pensamentos, além do programa da mente, que resolverão nossos problemas.    


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